Os empreendedores com mais de 50 anos estão em busca de oportunidades, mas ainda falta apoio e informação para que eles possam realizar seus sonhos.

“Estava me cansando, ficando mal-humorada [após cinco anos aposentada]”


Vagas de trabalho escassas. Necessidade de manter ou melhorar o poder aquisitivo. É na união desses fatores que nasce o empreendedorismo para muitas pessoas com mais de 50 anos de idade. “Elas querem ser produtivas. Buscam qualidade de vida: viajar, interagir socialmente. E isso demanda recursos”, explica Enio Pinto, especialista em empreendedorismo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

No Brasil, 7 em cada 10 pessoas que pensam em empreender na aposentadoria têm em mente a manutenção ou a complementação de renda. Realizado pelo Sebrae neste ano, o estudo Potencial Empreendedor do Aposentado ouviu 1.200 pessoas com mais de 50 anos.

“O empreendedorismo na terceira idade é uma nova janela de oportunidade”, afirma Enio. É nessa fase, diz ele, em que as pessoas estão com “menos responsabilidade” e com “os filhos encaminhados”. “E, acima de tudo: a pessoa tem, além do conhecimento, muita experiência e uma bela rede de contatos.”

Para Maria Cecília Costa, o empreendedorismo na aposentadoria teve mais do que o lucro como objetivo. Após 38 anos de trabalho, divididos entre uma multinacional de eletrônicos e um escritório de advocacia, ela decidiu colocar em prática uma série de projetos. “Todo aposentado fica feliz, né? Pensando que vai fazer tudo o que queria: viajar, ficar em casa vendo televisão, cuidando de neto. Fiquei assim durante uns cinco anos. Estava me cansando, ficando mal-humorada”, conta.

Aos 72 anos, decidiu tirar do papel um velho sonho: ter a própria sapataria. Durante a busca pela melhor oportunidade de negócio, entretanto, um novo filão chamou a sua atenção – uma rede de lojas de produtos de limpeza. “Quando conheci a Ecoville, fiquei toda empolgada. Era um produto novo, ecológico.”

Após avaliar o investimento – que foi planejado para não impactar o padrão de vida e garantir uma reserva técnica para eventuais necessidades –, abriu as portas da “jujuba”, como carinhosamente apelidou sua loja. “Notei os cinco anos que tinha perdido. Porque, nesse tempo, muita coisa mudou. Eu manuseava um celular, um iPad. Mas não é como entrar numa empresa e lidar com um computador cheio de especificações” diz ela sobre os benefícios de ter um negócio.

Como Ciça, 60% dos participantes da pesquisa do Sebrae também pretendem seguir no ramo do comércio – e assim terem uma opção de como complementar a renda na aposentadoria. Para outros 30%, porém, a ideia é outra: atuar no setor de serviços. Neste caso, sem necessidade de ter estoque inicial ou fazer reforma em imóvel, “o investimento é muito menor, quase irrisório”, explica Enio.

Que o diga a dentista Magali Arantes. Aos 51 anos, após atuar por quase três décadas em consultório, decidiu pendurar a caneta de alta rotação (o nome técnico do temido motorzinho) e mergulhar no seu hobby: a fotografia. “Comecei a fazer cursos. Estudar mesmo”, explica.

“Como a pessoa já viveu muita coisa, ela tende a se colocar de uma maneira mais assertiva”

Nesse mergulho, encontrou a oportunidade de juntar a nova paixão com uma nova ocupação. E com a vantagem de poder utilizar as competências que desenvolveu na administração de seus consultórios. “Preciso de prática para fazer fotos profissionalmente. Mas, com toda a minha facilidade de relacionamento, que adquiri em meus anos de odontologia, estou montando uma empresa de soluções em fotografia focada em pessoas jurídicas”, comemora.

Como complementar a renda na aposentadoria

“Como a pessoa já viveu muita coisa, ela tende a se colocar de uma maneira mais assertiva. Ou seja, é menos explosiva e mais objetiva. Pensa de uma forma muito mais cirúrgica e estratégica”, explica Sérgio Serapião, fundador do movimento Lab60+, laboratório social que reúne 800 organizações e 7.000 pessoas para, conjuntamente, repensar a longevidade.

Mas, antes de abrir uma empresa após a aposentadoria, é preciso avaliar prós e contras – entrar em uma furada após os 50 pode ser muito mais traumático que aos 20. Entre os pontos de atenção, vale refletir se há paciência e energia para lidar com um começo de empresa que, muitas vezes, exige 10 ou 12 horas de trabalho diário. Também é imprescindível aprimorar os próprios conhecimentos, como nas competências de gestão de pessoas.

“É recomendável empreender apenas quando tiver um plano de negócio viável. Antes de colocar uma ideia em prática, no mercado, é preciso colocá-la no papel, fazendo pesquisa de mercado, projeções”, recomenda Enio.

Para quem está em busca de abrir um negócio, o Sebrae preparou a cartilha Empreender na Aposentadoria, que traz informações importantes sobre o assunto, além de 450 propostas de atividades, com planos e modelos de negócios. Clique no link abaixo e conheça mais sobre a publicação e sobre como complementar a renda na aposentadoria:

Fonte: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/sebraeaz/empreender-na-aposentadoria